EXPOSIÇÕES

ELO _ 2022, de 03 a 09 de junho

Museu da Escola Catarinense. Curadoria de Francine Goudel

 


“Diante das criações de um artista estamos, por efeito, frente a uma substância que interroga seu tempo. Como antenas, que captam sinais usuais e emitem frequências quiméricas, os artistas materializam um modo particular de ver o mundo, instrumentando seus pensamentos, amalgamando em cores e formas o extraordinário como possibilidade poética da vida. Diante da obra, podemos ver sua forma aparente, a sintaxe visual que contempla e que preenche o espaço expositivo. No entanto, olhando apenas o plano de sua composição estaremos, com efeito, perdendo o melhor do espetáculo de ver a arte, o substrato pelo qual podemos transitar, imaginar e interrogar mundos possíveis. ELO contém em seu cerne isso que é essencial à criação, surge da captação do presente, emanada em frequência fabular pelo artista Alexandre Freire. Resultado de um longo percurso de pesquisa, a série materializa uma investigação compositiva das relações contemporâneas entre indivíduos e problematiza a densidade dos tempos líquidos, como trata o filósofo Zygmunt Bauman. Por meio de composições geométricas, tidas por vezes como abstratas, Freire constrói um ambiente líquido, literal. Sínteses visuais puristas, que remetem à figura de um barco e sua sombra refletida na água, são criadas pelo artista como artifício de materialização da ideia de seres e suas projeções, subjetividades. Vértices que se tocam apenas em um limite matemático e massas de cores que se sobrepõem, são analogias visuais atreladas aos aspectos comuns dos afetos humanos, como idiossincrasias, escolhas, preferências e princípios que temos ou atuamos. Com títulos como “amor”, “intimidade”, “solitude”, Alexandre Freire conduz o espectador a olhar a série por meio do caminho que ele mesmo busca refletir como criador de imagens, descortinando o tempo descontínuo dos indivíduos, a fragilidade que permite aos humanos a dualidade de suas naturezas. ELO é composta pelo desejo de indagar as conexões que transformam a vida numa experiência urgente e profunda.”


Francine Goudel – curadora
Doutora em Artes Visuais – Teoria e História pela Universidade do Estado de Santa Catarina/UDESC

 

 

 

CIDADES PÓS PANDEMIA:

Colocar no Horizonte uma Obra em Comum _ 2022, de 20 de abril a 20 de maio

Museu da Escola Catarinense. Curadoria de Paolo Colosso, Luiza Mattos, Aretha Rodrigues e Simone Bobsin

 

 

 

“Esta exposição é um elogio às cidades como lugar do encontro com presença, lugar das trocas efetivas, da abertura e das possibilidades de um “viver juntos”. O período de pandemia e isolamento nos fez perceber o quanto o “estar com” é fundamental, necessário. Não há estabilidade emocional, nem mesmo crescimento individual duradouro sem presença, sem vínculo e toque. Toda vida social necessita, em algum momento, ir pra rua. Todo vínculo necessita, em algum momento, cruzar um olhar sem estar separado pela tela. E a cidade é o lugar por excelência desse contato direto, sem mediações”.

 

Trecho do texto curatorial  de Paolo Colosso Dr. em Filosofia pela USP, professor no Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), onde coordena o Programa de Pós-Graduação (ago 2020 – ago 2022).

 

 

 

PELO MAR QUE NOS LEVA MAIS LONGE _ 2022, de 28 de janeiro a 28 de abril

Galeria Mamute. Curadoria de Henrique Menezes

 

 

 

“A ideia de linha do tempo carrega em si a sensação de que os acontecimentos tomam a forma de uma planície, equivalentes em suas potências e uniformes por sua intensidade. No ano em que completa uma década de atividades, a galeria Mamute nos evidencia que existem pontos altos no relevo da história: ao inaugurar uma nova sede em Florianópolis, reafirma seu projeto de atuação, levando além-fronteiras a arte contemporânea brasileira.”

 

Trecho do texto curatorial de Henrique Menezes pós-graduado em Estudos Curatoriais e Arte Contemporânea pela Universidade de Lisboa, pesquisador e curador independente. Atualmente é correspondente da Artecapital, publicação portuguesa dedicada à crítica de arte desde 2006.