Limiar da Fluidez, explora, através de construções pictóricas, as abstrações das tessituras e profundidades das interações humanas em tempos de relações líquidas. Em forma fluída, os movimentos e questionamentos relativos ao ser são de ordem da vazão, do transbordamento, da inundação. A fluidez responde a qualidade de líquidos e gases que mantêm seu movimento em constante modificação, e na composição da série, esta fluidez é representada pelo limiar onde encontra-se a forma simplificada/significante de um barco. A estrutura do barco, como significante pictórico na composição, conduz à correspondência aos nós das relações em tempos líquidos, como trata Zygmunt Bauman. Centrada na ideia do significante que está entre dois fluidos (ar e água), o barco, sua estrutura e sua sombra (fantasma), despontam na predominância da linha horizontal, referenciando um estado contemplativo. As cores, em variações cálidas e álgidas, conduzem igualmente a uma intencionalidade na construção da imagem: aclimatação e absorção. A escolha estética de formas puristas traz como linguagem visual alguns princípios e sobrevivências da arte moderna, particularmente da estrutura concreta, propondo neste ato uma nova significação, o uso das estruturas sistematizadas para entrada e ampliação das discussões da contemporaneidade.